- Seminário de lâminas digital
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- Francisco Ademar Fernandes Junior – Universidade de São Paulo, SP
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RESUMO DE HISTÓRIA CLÍNICA
Mulher de 85 anos que em tomografia computadorizada de 2018 teve identificado nódulo hipoatenuante hipervascular periférico em segmento IV/V do fígado medindo 1,1 cm no maior eixo, que não foi biopsiado (figura 1). Em março de 2023 (5 anos após a detecção inicial) nova tomografia computadorizada revelou que o nódulo agora media 3,5 cm (figura 2), quando foi realizada biópsia com diagnóstico de adenocarcinoma. Foi submetida a hepatectomia parcial não-regrada dos segmentos IV e V em outubro de 2023.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DIAGNÓSTICO FINAL
ADENOFIBROMA BILIAR COM FOCOS DE DISPLASIA EPITELIAL E TRANSFORMAÇÃO PARA COLANGIOCARCINOMA INTRA-HEPÁTICO DO TIPO PEQUENOS DUCTOS (COLANGIOLOCARCINOMA).
HANDOUT
MACROSCOPIA
Segmento de fígado que exibia uma lesão tumoral de coloração esbranquiçada, consistência firme e limites infiltrativos, em continuidade com lesão nodular bem delimitada/encapsulada e de aspecto microcístico, medindo o conjunto 3,6 x 3,5 x 2,2 cm.
MICROSCOPIA
Histologicamente, o tumor era composto por três componentes distintos. Cerca de 20% da lesão (correspondendo à área macroscopicamente bem delimitada), exibia estruturas císticas e tubulares revestidas por epitélio cuboidal ou colunar de tipo biliar, sem atipias, dispostas em arranjo vagamente lobulado em meio a estroma fibroblástico. Grande parte do restante da neoplasia estava constituída por neoplasia invasiva, do tipo colangiocarcinoma de pequenos ductos (colangiolocarcinoma) com arranjo glandular anastomosante com aspecto de “letras chinesas” em meio a estroma desmoplásico, característico desta lesão. Entre estes dois componentes foram vistos focos de displasia de alto grau, com atipias e despolarização do epitélio ainda dentro da lesão de arranjo lobulado. Não foi identificada invasão vascular ou perineural. Numerosos complexos de von Meyenburg foram identificados ao longo do parênquima hepático. Ao exame imuno-histoquímico houve positividade para citoqueratinas 34BE12, CK 19, CEA e MUC5AC. Foi negativo para MUC1, MUC2 e MUC6, além de CDX-2, PAX-8 e TTF-1. O estadiamento final foi pT1a pNx, não havendo evidências radiológicas de doença metastática linfonodal ou à distância no momento da ressecção.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial desse caso é feito com as lesões císticas de fígado e vias biliares, dentre elas os complexos de von Myenburg, adenomas de vias biliares, cistos biliares simples e complexos, neoplasia mucinosas císticas e colangiocarcinoma bem diferenciado.
SEGUIMENTO CLÍNICO
Atualmente, 4 meses depois da ressecção, a paciente evolui sem queixas e está em tratamento quimioterápico adjuvante. Exames de imagem pós-operatórios não exibem lesão residual.